Terapia Hormonal na Peri e Pós-Menopausa: Fazer ou não fazer?

Terapia Hormonal na Peri e Pós Menopausa. Fazer ou nâo fazer?

Com o aumento da expectativa de vida da mulher brasileira para aproximadamente 80 anos, segundo o IBGE em 2024 e, sabendo-se que a menopausa, ocorre em média entre 45 e 55 anos, a mulher irá passar quase que 1/3 da sua vida na pós menopausa.

Indicações e Benefícios

Dentro deste contexto, compreender as indicações e contraindicações, os tipos de hormônios disponíveis e as formas de administração da terapia hormonal se torna de suma importância para um atendimento qualificado em saúde feminina. É importante que esta mulher tenha saúde garantindo sua autonomia, funcionalidade, para que realmente valha a pena.

 

Terapia Hormonal na Peri e Pós-Menopausa: Fazer ou não fazer?
Senhora vestida de laranja olhando para frente.

A proposta do uso de terapia hormonal na peri e pós-menopausa no Brasil iniciou-se nos anos 90 e houve um “boom” de prescrições que eram colocadas como a solução de todos os problemas, sem uma avaliação individualizada e sem valorizar os riscos e as variações de cada hormônio disponível na época para esta reposição. Isso perdurou por anos até que em 2002 foi publicado o estudo WHI (Women’s Health Initiative) nos EUA que incluiu aproximadamente 160.000 mulheres na pós-menopausa entre 50 e 79 anos, avaliando os efeitos do uso da terapia hormonal e concluindo um aumento de associação ao uso do risco para câncer de mama e de cólon, doença coronariana, fraturas ósseas e trombose, entre outros.

Dados deste estudo foram apresentados na mídia brasileira e com isso surgiu uma nova realidade, com muitas pacientes ficando apreensivas com o uso da terapia hormonal.

Com o tempo, foram identificados problemas de metodologia e imprecisões no estudo, mas o impacto já havia sido causado. Até hoje, médicos e pacientes ainda enfrentam as consequências desse receio em relação à terapia hormonal.

Na medicina, as evidências científicas atuais apontam um espaço significativo para o uso da terapia hormonal.
Além disso, esse tratamento oferece mais autonomia e funcionalidade às mulheres, promovendo melhor qualidade de vida.

 

Terapia Hormonal na Peri e Pós-Menopausa: Fazer ou não fazer?
Senhora sentada em cadeira com rosto apoiado na mão e olhando com um sorriso.

Inicialmente, de acordo com o Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal do Climatério (2024), indicamos a terapia de reposição hormonal para controlar os sintomas vasomotores.
Ademais, esse tratamento proporciona alívio significativo dos fogachos e da sudorese noturna no campo da medicina.
Portanto, vale considerar esses benefícios ao planejar o cuidado de mulheres na pós-menopausa.
Recomendamos a terapia hormonal para manejar a síndrome genito-urinária da menopausa, que provoca ressecamento vaginal, dor nas relações sexuais, infecções urinárias e corrimentos recorrentes.
Na medicina, utilizamos a reposição hormonal para prevenir e tratar a osteoporose.
Também prescrevemos esse tratamento em casos de insuficiência ovariana prematura, quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos.
Na faculdade de medicina, estudantes de curso de medicina aprendem a reconhecer esses quadros.
Alunos da graduação de medicina entendem a importância de oferecer atendimento completo em todas as fases da vida feminina.

Na medicina, é fundamental reconhecer outras queixas além dos sintomas clássicos.
Fadiga, sobrecarga emocional, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, esquecimentos, insônia e sentimentos negativos impactam diretamente a qualidade de vida das pacientes. Nesses casos, os profissionais de saúde podem considerar o uso da terapia hormonal como um recurso terapêutico.

Na terapia hormonal, prescrevemos estrogênio. Em mulheres sem útero, indicamos estrogênio isolado.
Nas pacientes com útero, associamos progesterona para proteger contra hiperplasia, câncer endometrial e aliviar sintomas de endometriose.

Em casos selecionados, mulheres com diminuição do desejo podem se beneficiar da associação da testosterona, sendo importante que estejam bem estrogenizadas.

Terapia Hormonal na Peri e Pós-Menopausa: Fazer ou não fazer?
Mulher com demonstrando liberdade, recebendo a brisa no rosto.

Na maioria dos casos, a administração transdérmica da terapia hormonal é a mais recomendada. Em algumas situações, pode-se optar pela via oral. Quando há queixas geniturinárias, a aplicação de estrogênio por via vaginal ajuda a melhorar a atrofia e aliviar os sintomas.

Janela de Oportunidade

Os médicos devem iniciar a terapia hormonal dentro da chamada “janela de oportunidade”, ou seja, nos primeiros 10 anos após a menopausa. Iniciar o tratamento depois desse período pode trazer mais riscos do que benefícios.

Idealmente, os médicos devem iniciar esse tratamento antes dos 60 anos.

Os médicos devem avaliar cuidadosamente as contraindicações durante uma anamnese minuciosa. Além disso, é essencial realizar o exame físico e, quando necessário, solicitar exames complementares para garantir uma avaliação completa e precisa.
Entre as contraindicações para a terapia hormonal oral ou transdérmica estão o sangramento vaginal inexplicável e a doença hepática. Também entram o histórico de câncer sensível ao estrogênio (como o câncer de mama), a doença coronariana e o acidente vascular cerebral.

Na prática da medicina, médicos devem avaliar cuidadosamente o infarto agudo do miocárdio, o tromboembolismo venoso e o alto risco de doença tromboembólica hereditária.
Consequentemente, tais condições impactam diretamente a indicação e o acompanhamento da terapia hormonal.
Adicionalmente, esses fatores reforçam a necessidade de um histórico clínico completo na medicina.
Além disso, essa análise detalhada é imprescindível para garantir um atendimento seguro e eficaz em medicina.
Por fim, a faculdade de medicina capacita alunos do curso de medicina a aplicar tais critérios no cuidado diário, assegurando uma prática médica de excelência.

A terapia hormonal para a menopausa quando bem indicada, para quem precisa, quer e pode, garante a mulher uma vida mais saudável e com qualidade.

A discussão sobre o uso da terapia hormonal mostra como a medicina está sempre evoluindo. Estudar em uma faculdade de medicina atualizada é essencial. O compromisso com a prática baseada em evidências garante o melhor cuidado às mulheres brasileiras.

Angélica Sales Barcelos

Especialista em ginecologia e obstetrícia pela FEBRASGO, com qualificação em Patologia do Trato Genital Inferior, pós graduação em Sexualidade Humana pela SBRASH e Mestrado em Ciências da Saúde pela Santa Casa de São Paulo.
Professora de graduação na Faculdade Santa Marcelina, área da saúde da mulher e medicina sexual.
Preceptora da Residência Médica de Ginecologia do Hospital Santa Marcelina

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